• A coleção Guerra Junqueiro no MNAA

Em homenagem a Guerra Junqueiro, neste ano em que comemoramos o centésimo aniversário do seu desaparecimento, mostramos uma parte significativa da coleção do poeta, que hoje faz parte do acervo do Museu Nacional de Arte Antiga.
Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu no ano de 1850, em Freixo de Espada à Cinta. Estudou na Universidade de Coimbra, primeiro Teologia, e depois, Direito. Foi político e tribuno proeminente, aventurando-se na diplomacia. Foi administrador agrícola. Mas deixou memória sobretudo pela atividade literária.
Casado com a vianense Filomena Augusta Neves, em 1880, empregou parte do «dote» no investimento em «coisas antigas»: datará dessa época o início da atividade colecionista. Junqueiro percorre o país e o estrangeiro angariando obras de arte. Compra, vende, troca, interessa-se, investiga, cria teorias, mas deleita-se principalmente com as antiguidades com que preencheu as várias casas que habitou, dividindo-as entre Viana do Castelo, Vila do Conde, Porto e Lisboa. É evidente o seu gosto por peças vernaculares, identitárias da cultura nacional: por isso prefere as obras de arte medievais, faianças, têxteis, objetos de metal, mobiliário, aquelas que a gíria dos antiquários chama de «peças de época recuada». Não menospreza, porém, a beleza da pintura renascentista, os desenhos de grandes mestres, o mobiliário português do século XVIII, de grande qualidade, produzido em madeiras exóticas, os objetos adquiridos pelos portugueses do passado nos mercados orientais, a ourivesaria, particularmente a do Porto. A área em que se considerava especialista era, todavia, a faiança dos séculos XVII e XVIII. Destinaria a coleção cerâmica –, que reputava como «insubstituível, única para a história da arte portuguesa» – à Câmara Municipal do Porto, por uma pequena importância.
No Museu Nacional de Arte Antiga, a incorporação de parte da coleção Guerra Junqueiro aconteceu de três modos diversos. O poeta fez doação em vida de obras de arte, entre as quais se destaca uma iluminura assinada por Estêvão Gonçalves Neto. Procedeu também à venda «simbólica», para fazer face às despesas com o casamento da filha, de peças criteriosamente selecionadas, na sua maioria de pintura antiga. Acabará por deixar em legado
testamentário esculturas em alabastro, pedra e madeira, objetos de metal, que reunira na sua quase totalidade na casa da Rua de Santa Catarina do Porto, na sala a que dava o nome de Catedral.


Cerimónia solene evocativa
Sexta-feira, 7 julho, 18h30
Guerra Junqueiro
Evocação por Guilherme de Oliveira Martins
Entrada livre
Auditório | Acesso pela Rua das Janelas Verdes