O desenho, nas múltiplas funções que cumpre, está estreitamente ligado às artes decorativas. Encontramo-lo presente desde a fase do planeamento, acompanhando e estimulando o surgimento das ideias, permitindo fixar as formas ou transmitindo informações aos artesãos encarregues da concretização dos objetos ou dos aparatos decorativos em que os objetos se inserem. Permite também guardar a memória das peças singulares ou fixar modelos para a passagem à gravura, destinada à difusão de gostos e modas. Mas o desenho ajuda-nos igualmente a perceber como uma mesma linguagem ornamental pode ser aplicada em múltiplos suportes: da pedra aos metais preciosos, da cerâmica ao têxtil, da madeira à pintura, impresso em livros, ou tantas outras situações. O carácter fragmentário dos exemplares mais antigos que chegaram até nós é fascinante embora apresente grandes desafios à nossa compreensão e identificação dos objetivos a que se destinavam.
A apresentação deste conjunto de desenhos ornamentais europeus da coleção do Museu, muitos deles mostrados pela primeira vez, não pretende qualquer propósito de sistematização mas tão-somente mostrar a diversidade de tipologias que chegaram aos nossos dias, tornando evidente a problemática da sua compreensão e estudo.

Alexandra Gomes Markl


Folha de sala