Fotografia©Paulo Alexandrino
O convite para visitar o Museu Nacional de Arte Antiga é um apelo à descoberta de obras maiores da criação artística de todo o mundo mas, sobretudo, uma viagem pela história e pelo génio de um país quase milenar. Bem-vindos.
A história do Museu Nacional de Arte Antiga remonta à criação da Academia Real de Belas-Artes, em 1835. A Academia fundou-se, um tanto apressadamente, para dar destino aos bens artísticos provenientes dos conventos das diversas Ordens Religiosas, extintas no ano anterior nos seus ramos masculinos, e dependentes da morte das últimas religiosas no caso dos conventos femininos. A escolha dos mais relevantes desses bens artísticos veio a dar origem a um museu nacional, completando-se o acervo com a compra de obras escolhidas entre as mais relevantes coleções nacionais. Num processo lento, veio a estabelecer-se, em 1884, no Palácio dos Condes de Alvor, às Janelas Verdes, o Museo Nacional de Bellas-Artes e Archeologia e, antecessor direto do Museu Nacional de Arte Antiga, que ganhou a sua personalidade na reforma feita logo após a instauração da República em 1910.
Se esta reforma separou do Museu a parte de arte contemporânea, dando origem a outro Museu Nacional (e mais tarde daqui se separariam também os Museu Nacionais do Azulejo e do Traje), a implantação da República fez entrar nas coleções do MNAA um importante conjunto de obras de arte provenientes das coleções reais e dos vários palácios ocupados pelos últimos monarcas. Sobre esta dupla base de proveniência, o MNAA cresceu no século XX com algumas compras importantes mas, sobretudo com legados e doações que marcaram a história das suas coleções. Entre as principais contam-se o legado Valmor, que permitiu compras de relevo na primeira metade do século XX, as doações Gulbenkian, a doação dos herdeiros de Ernesto Vilhena, as doações de Barros e Sá e Castro Pina, entre muitas outras contribuições que levaram ao crescimento dos espólios num acervo diversificado entre coleções de pintura, escultura, desenho, gravura, mobiliário, cerâmica, têxteis, vidros, torêutica, joalharia, que dão ao visitante uma visão completa da sua história através de algumas das obras maiores da arte portuguesa ou colecionada por portugueses. Merecem aqui destaque a coleção de pintura estrangeira e o núcleo que reúne o importante espólio artístico de África e do Oriente, fruto das relações culturais e económicas estabelecidas por Portugal com outros povos entre os séculos XV e XX.
Lisboa, julho 2019
Joaquim Oliveira Caetano