Tela central de uma série de 12 que compõe um Apostolado, executado na oficina de Zurbarán, com a representação dos santos em tamanho natural, é a única assinada e datada pelo pintor (Fran.co de Zurbaran faciebat, 1633). Afirmando a unidade do dogma, como símbolo e espelho da Igreja triunfante numa época ainda de Contra-Reforma, o conjunto destinava-se, talvez por vontade de Filipe IV (III de Portugal), ao Mosteiro dos Cónegos Regrantes de São Vicente de Fora, em Lisboa, ainda durante a década de 1630.
Zurbarán foi capaz de investir os mais banais temas religiosos com um prodigioso sentido dos valores pictóricos da luz. Neste conjunto, permanece invisível a fonte que ilumina cada uma das personagens (a luz procede sempre, de modo mais ou menos oblíquo, do canto superior esquerdo da composição), exceto no caso de São Pedro, em que a luz cai verticalmente, ao centro, sobre a figura, sublinhando a pungente atitude de contrição do príncipe dos apóstolos e conferindo à representação uma narratividade ausente das restantes telas.
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