No período D. José (1750-1777) prevalece a influência inglesa no mobiliário nacional, produzindo-se, entre outras tipologias, cómodas papeleiras com alçado, inspiradas em álbuns de conhecidos desenhadores de mobiliário, como Thomas Chippendale. À semelhança de outros móveis, a versão nacional destas peças demarcou-se do modelo de origem pelas madeiras utilizadas, pelo tipo de decoração ou pelas ferragens. A própria finalidade do armário superior, destinado a conter livros, foi frequentemente adaptada em Portugal à recolha dos santos de maior devoção.
Neste caso, sobre uma sóbria cómoda de pau-santo, figura, num plano mais recuado, um oratório na mesma madeira, cujo esplêndido interior só se adivinha pelo remate em talha dourada. Abrindo as portas, destaca-se, num fundo pleno de policromia, com marmoreados e nuvens, um magnífico crucifixo com apostolado em prata, na base. De cada lado, figuram as imagens em madeira estofada de Santa Rita de Cássia e de São José, com atributos também em prata. É igualmente significativo, neste período, a transferência deste tipo de móveis de espaços mais intimistas para as salas de receção.
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