Os Livros de Horas foram bastante utilizados pela nobreza europeia dos séculos XV e XVI, época em que se tornaram também correntes os espaços para o culto privado, dentro das habitações. Objetos de luxo, apresentando o calendário litúrgico e organizando o ritual diário da oração dos seus proprietários, incluíam páginas de texto intervaladas por fólios esmeradamente iluminados.
Alguns historiadores sustentam que as cenas que ilustram o Ofício dos Mortos (fólio 130), neste Livro de Horas, estão relacionadas com as cerimónias fúnebres, enterro e transladação dos restos mortais de D. Manuel I para o Mosteiro dos Jerónimos (ocorrida apenas em 1551). Nesse caso, a obra terá sido finalizada no reinado de D. João III (r. 1521-1557), filho e sucessor de D. Manuel.
Este fólio leva-nos até à Lisboa de 1521, ano da morte de D. Manuel, e mostra-nos uma zona típica da cidade na época dos Descobrimentos: a Rua Nova dos Mercadores, local privilegiado para as transações comerciais e onde se situavam as oficinas de gravadores, ourives, joalheiros e douradores, bem como as casas de escambo, versão quinhentista das casas de câmbio.
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